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DIAGNÓSTICO DA BIOLOGIA QUANTITATIVA DA POPULAÇÃO DE LAMBRETA, lucina pectinata NO ECOSSISTEMA DE MANGUEZAL DE GARAPUÁ

Autora: Carolina de Almeida Poggio
Orientador: Marlene Campos Peso de Aguiar

Os principais recursos extrativistas dos manguezais de Garapua, relacionados com a produção marisqueira, envolvem populações de moluscos comestíveis dentre eles a lambreta (lucina pectinata). O comércio de lambretas é a principal fonte de renda local e durante todo o ano são extraídas em grandes quantidades. O perigo das coletas constantes pode levar as reservas naturais destes animais à extinção, ou prejudicar o crescimento das populações destes moluscos. Este estudo tem, portanto, o objetivo principal de fornecer informações que subsidiem a estimativa da capacidade suporte do ecossistema, visando a gestão dos recursos extrativistas através do conhecimento da biologia quantitativa da espécie lucina pectinata.

Os resultados parciais obtidos (outubro 2000 à junho 2001) indicam que a maioria dos indivíduos da população de lucina pectinata estão com suas gônadas cheias ou em enchimento (Figura 1) o que caracteriza indivíduos adultos, levando a crer que os provavelmente se reproduzam o ano inteiro.

As Figuras 2A, 2B, 2C mostram as médias mensais do comprimento da concha (Lt), peso total dos indivíduos (Wt) e o peso da carne (Wb), indicando as amplitudes temporais das variáveis mensuradas.

As lambretas constituem uma das principais fontes de renda na Vila de Garapua, e por isso estão sob forte extratitivismo comercial. Extraídas do meio ambiente em que vivem, por um contingente de marisqueiras profissionais, tem-se obtido valores significativos, como os da ordem de grandeza por volta de 45.000 indivíduos extraídos apenas no mês de maio, quantidade essa relacionada com o número de dias trabalhados no mês (23 dias no mês de maio) (Figuras 3). Não é difícil aceitar que a população de lucina pectinata que vive nos manguezais de Garapua possuam uma estratégia reprodutiva peculiar, capaz de manter a densidade populacional em nível consideravelmente constante, como mostra a Figura 4, mesmo com toda a atividade marisqueira que é praticada no manguezal da região..

É importante ressaltar neste momento que os dados relacionados ao quantitativo de lambretas extraídas nos manguezais de Garapua, foram obtidos por intermédio das próprias marisqueiras locais, ainda de forma incompleta, tendo em vista que a quantidade de marisqueiras ativas, na realidade, talvez supere grandemente os números obtidos até o momento. Desta forma, a quantidade de marisco extraído também deverá ser de maior número, o que impede, no momento, uma análise mais acurada da magnitude do esforço praticado e a conseqüente capacidade suporte dos manguezais de Garapua.


FIGURA 1 - Representação gráfica da Freqüência do Estádio Gonadal da População de L pectinata


FIGURA 2A - Gráfico da Amplitude de Lt da concha de L.pectinata



FIGURA 2B - Gráfico da Amplitude de Wt de L.pectinata


FIGURA 2C - Gráfico da Amplitude de Wb de L.pectinata

FIGURA 3 - Extrativismo de L. pectinata nos manguezais da Baía de Garapua


FIGURA 4 - Estimativa da Estrutura Numérica (densidade) da População de L. pectinata